Duke desativa escadas para peixes nas hidroelétricas Canoas I e II.
A medida tomada pela empresa foi justificada na Câmara de Vereadores de Andirá, para pescadores e autoridades ligadas ao meio-ambiente.
“AS Escadas para peixes construídas em 1999 por imposição do Ministério Público Federal, para atenuar o impacto sobre a fauna provocado pelas hidroelétricas Canoas I e II implantadas no Rio Paranapanema, estão tendo efeito inverso acelerando extinções. Depois de subir, os peixes não voltam mais e assim não completam o ciclo reprodutivo. Acabam confinados no trecho acima do reservatório, onde o ambiente é mais pobre para a reprodução” Essa foi a justificativa da Duke Energy para desativar os dispositivos nas duas barragens, há cerca de seis meses. As explicações foram dadas pelos técnicos da Empresa, Norberto Viana e André Guimarães, segunda-feira (19) na Câmara de Vereadores de Andirá, para pescadores e autoridades municipais ligadas ao meio-ambiente.
Segundo eles, estudos realizados pela UEL – Universidade Estadual de Londrina e UNESP-Universidade Estadual Paulista, de Botucatu apontam a triste realidade que precisa ser mudada com o fechamento das escadas e a reposição do estoque peixeiro, em médio prazo, das populações que vivem rio abaixo das barragens, em Andirá e mais seis municípios.
Com esse propósito a Duke realiza atividades que possibilitam o repovoamento de espécies nativas do Paranapanema, como a criação de alevinos em tanques, que ao atingirem a idade juvenil são soltos no rio. Após as explicações na Câmara, na última segunda-feira os técnicos iniciaram a soltura do primeiro lote, 1,5 milhão de peixes que serão distribuídos entre os sete municípios que tiveram a fauna prejudicada pelas hidroelétricas. O local escolhido foi o trecho do Paranapanema próximo à Vila Rural, no município de Andirá, onde foram soltos 25 mil peixes juvenis da espécie Pacu. A ação foi acompanhada por alunos, professores e pela diretora da Escola Ana Nery,Roseli de Fátima Ferreira Coaglio, além de representantes da Secretaria Municipal de Educação e Cultura. As crianças se encantaram com o trabalho, são oportunidades raras como essa que cria nos infantes a consciência ecológica que o planeta tanto precisa
A construção das barragens e formação de lagos artificiais acarreta uma série de impactos com danos sobre a fauna e flora, e em especial, sobre as comunidades de peixes. Decorrente da legislação ambiental existe a polêmica exigência de construção de meios para transposição de peixes (escadas e outros artefatos) nestas barragens. Teoricamente, esta inclusão visa à manutenção da diversidade ou a conservação das espécies com estratégia reprodutiva envolvendo a migração de longas distâncias, as quais são efetivamente impactadas pelos barramentos. Esses mecanismos são concebidos para fornecer condições ecológicas favoráveis à manutenção de populações viáveis, possibilitando rotas migratórias alternativas.